Loteria da Serra: Prefeitura de Cuité vira alvo de críticas por querer apostar dinheiro público em jogo de azar


A proposta da Prefeitura de Cuité, no Curimataú paraibano, de criar uma “Loteria da Serra”, caiu como uma bomba na política local e acendeu um intenso debate sobre o uso dos recursos públicos e a moralidade administrativa. O projeto de lei, encaminhado à Câmara Municipal, pretende instituir uma espécie de casa de apostas municipal, o que vem sendo visto por críticos como uma tentativa de “jogar” com o dinheiro e a esperança da população.

A iniciativa foi duramente criticada pela vereadora Marina Venâncio (MDB), que classificou a medida como “um desrespeito com o povo de Cuité”, especialmente diante das carências que o município ainda enfrenta em áreas essenciais. “Enquanto a cidade precisa de mais investimentos em educação, saúde e infraestrutura, a Prefeitura quer criar uma loteria para arrecadar dinheiro. Isso é inadmissível. Jogar não é política pública”, disparou a parlamentar.

Marina ainda alertou que a proposta pode abrir brechas para irregularidades e vícios morais dentro da administração. “A gestão pública deve se basear em planejamento, responsabilidade fiscal e compromisso social e não em apostas. O que Cuité precisa é de gestão eficiente, e não de sorte”, completou.

A “Loteria da Serra”, segundo o texto do projeto, seria uma ferramenta de arrecadação de fundos para ações municipais. Contudo, especialistas em direito administrativo lembram que o jogo de azar é tema de competência da União, sendo tratado no Congresso Nacional e sujeito a legislações específicas que limitam iniciativas locais.

Na prática, a proposta da Prefeitura de Cuité levanta questionamentos éticos, jurídicos e políticos. Em um momento em que a população exige transparência e responsabilidade na gestão pública, a criação de uma loteria municipal soa, para muitos, como uma tentativa de “apostar alto” com a imagem da cidade.

Enquanto o projeto aguarda votação na Câmara, o caso repercute nas redes sociais e entre lideranças políticas regionais, que apontam a incoerência de um governo municipal tentar resolver seus problemas financeiros com jogos de azar, tema que ainda divide opiniões até mesmo no Congresso Nacional.

Em um país em que corrupção e falta de prioridade nos investimentos públicos continuam sendo os grandes vilões da gestão municipal, a proposta de uma loteria pública soa, no mínimo, como uma aposta arriscada. Afinal, quando o poder público transforma políticas públicas em sorteio, quem realmente ganha é a incerteza.

ExpressoPB
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