A desinformação tem produzido
efeitos tão perigosos quanto qualquer ameaça concreta. Ela é capaz de gerar
pânico social, corroer a confiança nas instituições, manipular decisões
coletivas e provocar conflitos que poderiam ser evitados. Um boato
mal-intencionado é suficiente para desestabilizar comunidades, influenciar
eleições, estimular violência e até comprometer operações de saúde pública. Por
isso, não enfrentar a desinformação é permitir que o caos encontre terreno
fértil.
A transparência, nesse cenário,
assume papel central. Quando o poder público comunica de forma clara, ágil e
acessível, reduz-se o espaço para especulações e versões distorcidas. A
informação oficial, quando é aberta, verificável e didática, funciona como um
antídoto natural ao ruído digital. E não se trata apenas de publicar dados:
trata-se de dialogar com a sociedade, prestar contas, fundamentar decisões e
aproximar o cidadão da realidade dos fatos. Transparência dá segurança,
previsibilidade e confiança — três pilares essenciais para qualquer sociedade
estável.
Por outro lado, não se pode
ignorar que o ecossistema da desinformação é organizado, lucrativo e
estratégico. Fake news não surgem do nada: elas obedecem a interesses
específicos, muitas vezes ligados a grupos que se beneficiam do medo, da
polarização e da ignorância. Por isso, combater a desinformação exige mais do
que boa vontade; exige políticas públicas robustas, educação midiática,
responsabilidade das plataformas digitais e uma postura firme do Estado. É
preciso transformar o tema em prioridade nacional, do mesmo modo que tratamos
segurança física, vigilância sanitária e defesa civil.
Em um cenário em que a verdade disputa
espaço com narrativas fabricadas, o caminho mais sólido para proteger a
sociedade passa pela união entre transparência, educação midiática,
responsabilidade tecnológica e ação estatal firme. Somente quando o poder
público se compromete com a clareza, quando as instituições fortalecem sua
comunicação, quando as plataformas assumem seu papel regulador e quando a
população aprende a reconhecer as armadilhas informacionais é que conseguimos
construir um ambiente seguro e resistente ao caos digital. Combater a
desinformação, é mais do que defender a integridade dos fatos: é garantir a
estabilidade social, preservar a autonomia do cidadão e fortalecer a própria
democracia.
Portanto, transparência e combate
à desinformação são faces de uma mesma missão: proteger o cidadão. Proteger sua
autonomia, seu direito à verdade e suas escolhas. Em uma sociedade inundada de
conteúdos, a verdade precisa ser luminosa, acessível e confiável. E essa
clareza não é só um ideal democrático; é, cada vez mais, um requisito de sobrevivência
social.
* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Página PB.
