Por Jefferson Procópio - Transparência e combate à desinformação: questão de segurança pública


Em um mundo onde a informação circula com velocidade maior do que nossa capacidade de analisá-la, a transparência deixou de ser apenas uma virtude administrativa para se tornar um instrumento de proteção coletiva. Hoje, combater a desinformação não é mais um gesto de boa vontade institucional; é uma questão de segurança pública. Quando fatos são distorcidos, ocultados ou fabricados, a sociedade inteira se torna vulnerável — não apenas politicamente, mas emocionalmente, economicamente e até fisicamente.

A desinformação tem produzido efeitos tão perigosos quanto qualquer ameaça concreta. Ela é capaz de gerar pânico social, corroer a confiança nas instituições, manipular decisões coletivas e provocar conflitos que poderiam ser evitados. Um boato mal-intencionado é suficiente para desestabilizar comunidades, influenciar eleições, estimular violência e até comprometer operações de saúde pública. Por isso, não enfrentar a desinformação é permitir que o caos encontre terreno fértil.

A transparência, nesse cenário, assume papel central. Quando o poder público comunica de forma clara, ágil e acessível, reduz-se o espaço para especulações e versões distorcidas. A informação oficial, quando é aberta, verificável e didática, funciona como um antídoto natural ao ruído digital. E não se trata apenas de publicar dados: trata-se de dialogar com a sociedade, prestar contas, fundamentar decisões e aproximar o cidadão da realidade dos fatos. Transparência dá segurança, previsibilidade e confiança — três pilares essenciais para qualquer sociedade estável.

Por outro lado, não se pode ignorar que o ecossistema da desinformação é organizado, lucrativo e estratégico. Fake news não surgem do nada: elas obedecem a interesses específicos, muitas vezes ligados a grupos que se beneficiam do medo, da polarização e da ignorância. Por isso, combater a desinformação exige mais do que boa vontade; exige políticas públicas robustas, educação midiática, responsabilidade das plataformas digitais e uma postura firme do Estado. É preciso transformar o tema em prioridade nacional, do mesmo modo que tratamos segurança física, vigilância sanitária e defesa civil.

Em um cenário em que a verdade disputa espaço com narrativas fabricadas, o caminho mais sólido para proteger a sociedade passa pela união entre transparência, educação midiática, responsabilidade tecnológica e ação estatal firme. Somente quando o poder público se compromete com a clareza, quando as instituições fortalecem sua comunicação, quando as plataformas assumem seu papel regulador e quando a população aprende a reconhecer as armadilhas informacionais é que conseguimos construir um ambiente seguro e resistente ao caos digital. Combater a desinformação, é mais do que defender a integridade dos fatos: é garantir a estabilidade social, preservar a autonomia do cidadão e fortalecer a própria democracia.

Portanto, transparência e combate à desinformação são faces de uma mesma missão: proteger o cidadão. Proteger sua autonomia, seu direito à verdade e suas escolhas. Em uma sociedade inundada de conteúdos, a verdade precisa ser luminosa, acessível e confiável. E essa clareza não é só um ideal democrático; é, cada vez mais, um requisito de sobrevivência social.


* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Página PB.



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