Com desistência de Pedro, grupo Cunha Lima pode interromper ciclo de 35 anos de disputas na Paraíba


O ex-deputado Pedro Cunha Lima (PSD) anunciou hoje que não disputará cargo eletivo no próximo ano. Optou por se dedicar à carreira acadêmica. Quem acompanha o cotidiano da política paraibana já tinha certeza que a pré-candidatura dele, mantida oficialmente até hoje, já havia sucumbido diante da força da política marcada por cargos, canetas e Emendas.

O próprio Pedro, semanas atrás, tinha feito um desabafo sobre as dificuldades de manter de pé um projeto sem estar no exercício de um mandato.

A dúvida que restava era, na verdade, em qual posição e chapa majoritária ele estaria - após ter saído das urnas em 2022 com mais de 1,1 milhão de votos, quando disputou o Governo.

Além dos impactos imediatos no xadrez político paraibano, a desistência também pode demarcar um novo momento. Após 35 anos ininterruptos de disputas pela hegemonia da política estadual, o grupo Cunha Lima pode chegar em 2026 sem um nome como protagonista nas eleições majoritárias.

Desde 1990, quando o ex-governador Ronaldo Cunha Lima foi eleito para governar a Paraíba, que o sobrenome manteve-se nos embates.

Em 1994 Ronaldo foi eleito senador.

Quatro anos depois, o grupo não teve um nome nas chapas majoritárias, mas por um impedimento partidário, quando o ex-governador José Maranhão conseguiu ter o comando do MDB. Naquele momento, contudo, a convenção partidária emedebista foi considerada a principal disputa da política estadual.

Já em 2002 foi a vez de um novo integrante da família ascender.

Filho de Ronaldo, Cássio foi eleito governador do Estado e depois reeleito em 2006. Nas eleições estaduais seguintes Cunha Lima conquistou uma cadeira no Senado (2010) e disputou posteriormente as eleições em 2014 e 2018, não obtendo êxito. Em 2022, no último embate estadual que tivemos, Pedro foi lançado à disputa.

Para 2026 a família tinha em Pedro o principal nome. O prefeito de Campina Grande, Bruno Cunha Lima (UB), que poderia ser uma opção, enfrenta uma crise prolongada na gestão que o afasta dessa possibilidade; enquanto Cássio tem repetido que se manterá longe dos confrontos eleitorais. Há ainda o nome do ex-vice-prefeito de Campina, Ronaldo Filho, mas sem o mesmo 'capital político' que os demais.

No anúncio que fez hoje Pedro afirmou que não irá se desligar completamente da política. E o seu apoio é objeto de desejo do prefeito da Capital, Cícero Lucena (MDB), e do senador Efraim Filho (UB), ambos pré-candidatos da oposição.

O fato, porém, é que o grupo chegará ao fim deste ano com uma forte probabilidade de ter interrompido o ciclo. E na política há uma regra básica: não há espaço vazio...

Jornal da Paraíba
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